Dois detentos do sistema penitenciário maranhense ingressam
no curso superior este mês. Mario José Sato, de 44 anos, e Rogério Cesar
Bezerra Magalhães, 54, foram os aprovados no Exame Nacional do Ensino Médio
(ENEM) e cursarão administração de empresas e geografia, respectivamente.
Outros cinco ainda aguardam o resultado, sendo estes quatro mulheres e um
homem.
Os dois internos, que concorreram com mais 36 outros presos
da capital, alcançaram resultado suficiente para cursar o ensino superior. Com
uma rotina exaustiva de estudos - entre duas e três horas por dia - eles
disseram que a meta foi alcançada. "Assim como nós outros também estavam
de olho nas vagas, mas nós conseguimos alcançar o objetivo", afirmou Mario
José.
Sato contou ainda que o alvo dele sempre foi o curso de
administração de empresas. Segundo ele, todos os esforços em conseguir a tão
sonhada vaga no ensino superior foram direcionados neste curso. "Claro que
Deus foi que me concedeu a oportunidade, mas se eu não me esforçasse e corresse
atrás do meu alvo não iria conseguir passar e cursar uma faculdade",
comentou o interno.
Já Rogério disse que vê na oportunidade de cursar o ensino
superior a melhor maneira de incentivar outros apenados a uma mudança de vida.
Ele contou que, ao contrário do que a maioria pensa, muitos internos desejam se
reintegrarem na sociedade como verdadeiros cidadãos. "Eu ainda acredito
que a educação ainda é o melhor instrumento de resgate. As pessoas precisam
saber que ainda existe jeito para um apenado, basta este ter oportunidade como
nós tivemos e querer agarrá-la", declarou Bezerra.
Das quatro esperam uma vaga, duas acreditam na possibilidade
de cursarem enfermagem. Uma dessas que sonham com o curso superior na área de
enfermagem é Elaine Cristina Gonçalves Lima, de 27 anos, presa há quase três
anos. Ela disse que ficou bastante aliviada ao saber que é uma das internas que
podem cursar o ensino superior. "Eu estava ansiosa para saber o resultado,
agora estou bem mais calma. Nós nem tivemos muito tempo para estudar e
conseguimos passar, se estudássemos mais tempo teríamos passado em primeiro
lugar", brincou ela.
Claudemary Costa Cordeiro, de 28 anos, é outra interna que
sonhava em um dia fazer o curso superior de enfermagem. Presa há quase dois
anos, ela não esconde a alegria de saber que pode por os pés em uma faculdade.
"Quando eu soube fiquei feliz. Acho que a faculdade é um passo importante
na vida e eu quero dar esse passo", declarou Cordeiro.
Já Núbia Lopes da Silva, de 28 anos, sonha em fazer o curso
de administração. Ela contou que pretende mostrar para a sociedade que dentro
do sistema carcerário existem pessoas com potencial. "As pessoas que estão
aqui sonham com um futuro melhor. Nós temos capacidade para fazer coisas que
muitos acham que aqui não tem pessoas capazes de fazer", falou a jovem.
O Imparcial.
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